Nunca há tempo o suficiente

novembro 21, 2021

 



Acho que este é um texto sobre procrastinação, mas não somente sobre isso. É um texto que fala de escolhas. Ou melhor, da inércia. Ou pelo menos eu acho que vai falar sobre isso, já que estou enrolando para escrever e não sei que rumo irá tomar.

Nossa, eu indago demais, vou direto ao ponto.

Estamos indo para um período de “volta à normalidade”. Bem, algumas pessoas acreditam que isso é impossível porque não dá para retomar o estado normal depois de tudo que vivemos nestes últimos dois anos. Para outras pessoas, as coisas já voltaram ao normal faz é tempo (ou até nunca saíram). De todo modo, as pessoas estão voltando a fazer coisas que pararam de fazer por um tempo.

E agora estamos (ou pelo menos eu estou, já que só posso falar por mim mesma) saindo dessa com a sensação de que poderíamos ter feito mais. Lógico que a pandemia e outras tantas questões impossibilitaram boa parte dos planos, mas sempre parece que nunca há tempo suficiente para que façamos tudo que queremos. Mesmo que a gente não desperdice um só segundo.

Creio que estou me dando conta de tudo isso pois parece que finalmente tenho data marcada para voltar a Brasília. Finalmente essa saga que dura desde março de 2020 está chegando ao fim (eu espero) e ainda não sei direito como reagir. Parece que foquei tanto na minha vontade de voltar que agora acho que não aproveitei o suficiente o meu tempo aqui.

Semanas atrás eu estava em Teresina (passei o ano zanzando de uma cidade para outra) e minha mãe já estava doida para que eu voltasse para casa. Quando vou visitar meus irmãos, ela encara como um preparatório para quando eu for embora de vez.

Nesses dias em que eu estava lá, ela falou algo do tipo: “vem logo, a gente vai ter poucos dias para ficar juntas”. Acho que eu cheguei a comentar que a gente já ficou dois anos na mesma casa, mas até que entendo o lado dela. A gente nunca quer que acabe e, quando está perto de acabar, a gente ignora tudo que viveu. Como se zerasse tudo. Temos que aproveitar os últimos momentos como se eles fossem os únicos.

Tem tantas pessoas que queria ver e não vi, lugares que queria ir e não fui. Foi falta de tempo? Falta de vontade? Falta de coragem? Falta de dinheiro? Qualquer falta que fosse culpa da outra pessoa?

Por que não fiz o que tinha vontade quanto tive tempo para isso?

Parece que nada funciona enquanto não nos derem um prazo específico. E quando a gente se depara com esses vários planos, com a necessidade de tomar uma atitude para que dê certo, a gente acaba fazendo o que nem tem vontade, só porque não conseguiu se decidir e se movimentar.

Ou você realmente queria ter passado tantas noites de sábado mexendo no seu celular e pensando na vida depois de ter feito vários planos para o fim de semana e não ter realizado nenhum?

Nos últimos dois anos, eu fiquei tão incerta sobre quanto tempo eu ainda teria aqui (no meu estado), de como seria minha vida daqui poucos meses, que simplesmente não funcionei. Não conseguia planejar o presente enquanto não tivesse perspectiva do que eu faria dali em diante.

Uma mistura de inércia e impotência. Em alguns momentos, um se sobrepôs ao outro, mas eles nunca existiram separadamente durante esse período.

Agora, o tempo que tenho parece pouco para fazer o que quero e muito para pensar no que deveria ter feito de diferente.

Aos amigos que não consegui ver como gostaria, meu mais sincero “sinto muito”. É que não deu tempo, sabe...Nunca dá. Mas um dia a gente dá um jeito nisso.

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