Abraçar o mundo com as próprias mãos

setembro 27, 2020

 




No texto passado eu falava sobre tirar um tempo para pensar em mim, mas agora, ironicamente, eu estou agoniada por pensar demais.

Mas não é o mesmo tipo de pensamento, não estou desfazendo meu conselho da outra semana. É um pensamento que não tem muito de introspectivo e revelador. Esse é um pensamento acelerado causado por algo que me incomoda bastante e que vou falar nesse texto: a autocobrança.

Não há nada de errado em querer dar o seu melhor, fazer as coisas direito, realizar seus projetos. Mas o problema principal está em não se perdoar quando aquele texto não sai impecável, quando o trabalho poderia ser um pouco mais elaborado ou coisas desse tipo.

De uma pessoa que se cobra muito para outra, gostaria de fazer uma pergunta: você exige de alguma pessoa o mesmo grau de excelência que exige de si mesmo?

Respondendo meu próprio questionamento, minha resposta é não. Acho que se eu visse exatamente o mesmo texto escrito por mim e por outrem, eu colocaria mil defeitos no meu e cobriria o dele e elogios.

E olha só, não é que eu saia por aí elogiando o que eu não gostei, eu só sou mais compreensiva com outras pessoas. Creio que nos falta auto compreensão.

As pessoas chegam a dizer “eu sou capaz de mais que isso”, e sim, você é, assim como outras pessoas também são. Sim, gente, tem sempre algo a mais e eu não vou ser doida de negar isso. Mas nem por isso você deve se punir por não alcançar a perfeição.

Pois, pasmem, vocês não vão alcançar a perfeição, ninguém vai. Então fica calma, porque achar defeitos faz parte do processo. Significa que aquilo conseguiu prender sua atenção a ponto de ser perceptível uma quebra de expectativa.

Queria poder mostrar algo que escrevi e dizer para quem eu mandei: “isso ta legal, acho que você vai gostar”. Só que em vez disso eu venho com “não crie muita expectativa”.

Ok, já deixei a pessoa avisada. Mas, mesmo que não deixasse, ela não iria criar tanta expectativa assim. Porque quem cria mais expectativas sobre minhas obras sou eu mesma. Por isso o blog e a escrita em si é algo tão desafiador para mim.

Além de se cobrar para fazer melhor, você também se obriga a fazer mais? No sentido de quantidade mesmo. Você já pensou “eu consigo pegar mais esse projeto, eu dou conta de tudo, pode deixar”?

Esse é um pensamento que já me ocorreu diversas vezes, inclusive agora. Peguei vários projetos que achei legais, fui me interessando, até que chegou um momento que tive que refletir sobre a carga que estava carregando e tomar decisões. Foi nesse momento que dei uma pequena pausa no blog, pois ele é minha prioridade e tinha que me organizar para fazer minhas coisas direito.

Depois de um tempo, percebi que não vale a pena fazer várias coisas, mas não fazer nada direito sem se dedicar e aproveitar ao máximo. Isso também nos faz (creio que isso não acontece só comigo) nos exigir uma organização que nem temos tempo hábil para fazer.

Não é “só se organizar direitinho”, pois, olha só que louco: organização não resolve se você estiver sobrecarregado!

Esse texto é um desabafo bem grande, mas também um puxão de orelha (inclusive em mim). Não tente abarcar o mundo inteiro até não sobrar tempo para si mesmo. Você pode até conseguir levar as coisas até o final, mas será que vai compensar o cansaço?

Seja mais gentil com você. Aquilo que você faz é bom do seu jeito. Se você achar que pode melhorar, ok, tente, mas tente se entender como um ser também têm suas falhas. E é isso, não se cobre tanto. Você é capaz, mas não procure se forçar para provar competência para si mesmo ou para qualquer outra pessoa.

Ficamos por aqui, que foi o melhor que pude fazer. Um beijo de uma pessoa que agora está tentando se cobrar um pouquinho menos, para você que eu espero que passe a ser mais compreensivo com seu tempo. 

 



1 comentários

  1. texto excelente que mereceu muito ver a luz do sol. obrigada por ter tido a coragem de postá-lo mesmo com suas cobranças dizendo que não era o suficiente.

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