Vozes da minha cabeça

outubro 11, 2020

Ilustração por Tailana Galvão - @canetaipapel
 

Você está num carro ou num ônibus com a janela entreaberta. Sua mente começa a articular planos mirabolantes que nunca serão executados, mas que te deixam atordoado das ideias. 

"Cara, por que não... jogar o meu celular daqui? Será que ele sobreviveria?" Você pensa, mas seu bom senso (ainda bem) diz que não. 

Você tenta fazer outra coisa para se distrair, parar de pensar naquilo, pois sabe que você não irá fazer mesmo. Mas, mesmo sem a menor perspectiva de execução, você fica maquinando aquele plano absurdo. 

"Ok, vou pensar em outra coisa". Olha em volta, busca um pensamento aleatório escondido na sua memória e pronto! 

Mas aí vem: "nossa, mas e se eu abrisse essa porta aqui DO NADA?" Piorou. Esse plano que você não vai executar mesmo, mas sente aquela vontade estranha de fazer algo abrupto e esquisito. 

São planos sem sentido e sem pensar nas consequências, mas que permanecem por alguns minutos. Alguém olha para você e você está rindo, ou fazendo careta, ou com cara de pensativo, ou gesticulando enquanto explicar para si mesmo o quanto isso tudo não tem lógica nenhuma. E realmente não tem! Alguém que não está ciente dos seus pensamentos (qualquer pessoa no caso) olha como se você fosse um ser muito peculiar absorto em todos esses pensamentos indecifráveis. 

Você percebe e se controla. "Meu deus, será que só eu tenho esses pensamentos?” 

Sinto lhe dizer que não, você não é exclusivo desse tipo de esquisitice. 

Deixe-me te contar uma coisa muito curiosa sobre o mundo: não importa o qual estranho você acha que é, sempre terá alguém tão quanto ou até mais que você. 

E isso é ótimo. É engraçado ter pensamentos assim inconsequentes, inofensivos (não se você executar, mas a gente nunca executa) e sem lógica. 

Para que colocar lógica em tudo? A gente já passa tanto tempo fazendo planos coesos e muito elaborados. 

Irei me inspirar na influencer que disse "Você tem o direito de ser feia" e dar o meu recado: você tem o direito de ser esquisito! É isso aí, gente. Vocês têm o direito de pensar coisas absolutamente nada com nada e isso é maravilhoso! 

Isso te distrai, exercita sua criatividade, deixa as coisas ao seu redor menos monótonas. 

É legal por um momento não ter que pensar no que vai acontecer depois. Fazer planos mirabolantes e que não serão realizados, mas que é curioso de saber que sua cabeça tem a capacidade de bolar coisas tão fora do comum. 

Me arrisco a dizer que nesse momento podemos até não ser nós mesmos. 

Vamos sair do personagem. Agora não sou mais Gabriella, não sou mais escritora, não sou mais estudante. Sou uma doida em um banco de ônibus que está maquinando estratégias totalmente sem sentido. E você não precisar estar dentro do seu "avatar", você só é alguém imaginando. 

A pessoa que está ao seu lado pode muito bem estar fazendo a mesma coisa. Vocês podem estar pensando exatamente a mesma coisa estapafúrdia ao mesmo tempo e nunca terão ideia disso porque cada um está mergulhando em seu mundo imaginário e rindo silenciosamente de si mesmo. 

Imaginar é ótimo, faz bem para o tédio, para o barulho e para a paz.






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