Desculpa qualquer coisa

fevereiro 14, 2021

 


“Quem vai me desculpar se eu não fiz nada de errado? Que mais que eu posso fazer?”. Vou iniciar o texto com essa frase de Culpa – O terno, pois achei que essa seria a música perfeita para escrever (ou até mesmo ler) essa obra. Durante alguns minutos eu mais cantei do que escrevi, mas o que vale é a inspiração.

Enfim, escrevo isso pois estou adentrando novos ambientes na minha vida e, como todo novato (eu acho), sempre tem um certo medinho.

Foi então que percebi qual seria minha maior dificuldade no início: parar de pedir desculpa por tudo.

“Desculpa qualquer coisa. Minha culpa, minha culpa, culpa minha de pedir perdão”, de novo vou citar a mesma música porque acho que é essa mais ou menos a sensação. Por que eu devo pedir desculpa toda hora por coisas que podem ser facilmente corrigidas e vão servir de aprendizado?

O fato de estar em um novo ambiente te faz ficar apreensivo por captar o máximo de regrinhas e detalhes possíveis para não errar. Mas isso não ocorre de uma hora para outra e o processo também não depende exclusivamente de você, por mais estranha que essa frase possa parecer.

Não cometer pequenos erros em qualquer processo de adaptação depende do tempo, das prioridades e de muitas coisas além da sua pobra cabecinha que deve ta sofrendo com toda essa adaptação.

Mas o maior motivo MESMO dos pedidos de desculpa eram quando alguém me ajudava. Não só para esses novos desafios, mas para a vida mesmo, sempre tem uma leve sensação de estar incomodando alguém. “Ah, desculpa de atrapalhar aí”, “desculpa fazer você perder seu tempo”, “desculpa te DAR TRABALHO”.

É aquela ideia de pedir desculpas quando se quer dizer obrigada. Por que eu simplesmente não digo “obrigada por me ajudar?”. Isso é algo que venho tentando fazer e que realmente tem me ajudado, agradecer ao invés de pedir desculpas. Pensar que, se alguém tirou um tempo para de ajudar em algo, foi escolha dela, você só tem que ser grata por isso.

Acho que tem palavras educadas que nunca são de mais. Minha referência bibliográfica hoje para definir quais são essas palavras é a Xuxa (meu deus que rumo esse texto ta tomando?) naquela “desculpa, por favor, com licença e obrigada”. Eu juro que isso não é tosco e vai fazer sentido, ta?

Realmente “por favor”, “com licença” e “obrigada” me parecem ser termo que cabem em muitos contextos e são muito bem vindas. Mas “desculpa” não, desculpa em excesso não é educação, é insegurança.

Eu acho que a gente passa tempo demais também pedindo desculpas quando se quer pedir licença. A gente passa muito tempo pedindo desculpas para entrar na vida de alguém, desculpas para falar.

Além de desculpas por ser quem é. Esse é o mais grave de todos. Ser você mesmo não exige um consentimento prévio, você só é e pronto.

O problema é que parece que ta todo mundo pedindo desculpas de antemão, porque tem medo de errar, mas isso não adianta de nada. Você vai errar e, quando errar, vai ter que pedir desculpas. Então guarde suas desculpas para seus erros, não para sua simples existência.

Não sei desenvolver ele muito além daqui porque estou com sono e acho que já dei o meu recado. Esse texto é uma mistura conselho com desabafo, mas nunca um lamento.

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