Vamos supor que nem sempre entendemos o que é melhor para nós

abril 11, 2021




Percebi que eu estava me colocando em situações delicadas facilmente evitáveis.

Um parágrafo de uma frase para surtir um efeito imediato no leitor, é isso que eu quero passar para vocês.

Sabe quando você resolve escutar aquela música que vai te trazer algum sentimento estranho? Ou ler alguma coisa que pode te trazer algum desconforto? É justamente sobre isso.

Costumava pensar que, a partir do momento em que resolvia encarar alguns medos, eles iam se esvaindo. E isso inclui revirar fotos, textos, vídeos, músicas e o que fosse até o ponto em que eu não sentisse mais nada. Seria como despertar meus gatilhos para que eles deixassem de ser gatilhos aos poucos. Isso parecia fazer sentido para a Gabriella de antes, mas agora não sei se ainda faz.

Chega a ser irônica essa percepção do que é ser forte que a gente tem. Se expor a coisas que vão te fazer mal porque parece a forma mais sensata de se encarar, parece uma espécie de tortura. A troco de que?

Depois de um tempo, eu sentia que as coisas que me fragilizavam antes já não me afetavam tanto. Eu poderia ouvir uma canção que me trouxesse memórias e estava tudo bem, porque as cenas já haviam se transformado em lembranças, em passado, em sentimento distante. No entanto, não sei responder se o que me fez parar de sentir esse desconforto foi de fato ver isso repetidas vezes até perder o significado.

Lembro de uma parte de “As vantagens de ser invisível” onde o Charlie fala que o seu nome para de fazer sentido quando você o repete diversas vezes enquanto se olha no espelho. Eu tentei fazer isso, não chapada que nem o Charlie, foi engraçado. Logo depois, comecei a repetir vários nomes e nenhum deles passou a fazer sentido nenhum depois disso.

Mas as palavras não têm um sentido em si, elas são apenas representações criadas para facilitar nossa vida. As memórias não funcionam assim. Elas não são uma invenção esquematizada com uma estrutura fixa e funções pré-determinadas. Por isso não sei se elas perdem o significado ao se tornarem repetitivas.

Então talvez haja outras maneiras de tirar o significado das lembranças além de remoê-las. Possivelmente, se eu não as repetisse tantas vezes e as deixasse de lado por um bom tempo, o efeito seria parecia. Porque eu aprendi a lidar com elas de outra forma e algo mudou em mim durante o processo.

Não sei a melhor forma de lidar com lembranças, mas acho que algumas coisas de fato merecem cair no esquecimento. Tudo bem se eu não quiser ver algo que vai despertar em mim sentimentos confusos, se eu passar a detestar uma música específica enquanto as vivências ainda estão frescas na minha cabeça.

Esse blog não é algo para ser usado como conselheiro, nunca sei dizer a melhor alternativa, até porque eu escrevo para lidar com meus próprios dilemas. Mas, se tem algo que posso defender aqui, é que cada pessoa é um universo e lida com as questões de maneiras distintas.

Mesmo assim, acho que fica uma lição principal. Ninguém precisa testar a própria força quando se trata de emoções. Saber lidar com as emoções não quer dizer que você precise deixar de sentir qualquer que seja o sentimento.

O que importa de verdade é não tentar se prender a um modelo restrito do que nem sempre pode estar sob nosso controle.

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