Decidam por mim!

outubro 25, 2020

 


         

Engraçado escrever esse texto agora pois acabei de ver alguém fazendo uma enquete para tomar uma decisão que ela não estava conseguindo a tomar. Depois de ver a enquete (e votar porque adoro votar em enquetes) vi que ela havia dito para marcarem na em uma dada opção. Ué, ela já tinha escolhido, mas queria que as pessoas concordassem para se sentir validada?

Me diverti muito com essa situação pois eu sou exatamente igual. Aliás, conheço muita gente que também é assim.

Esses dias minha mãe estava me chamando de “decidida demais”. Ok, eu sou mais que ela, mas a decisão que ela estava se referindo era a roupas ou sapatos e isso pra mim é algo bem mais fácil de escolher. Não quer dizer que eu seja tão decidida para outras coisas.

Realmente não sou e pra exemplificar isso vou contar uma historinha besta.

Uma vez eu fui no banco (nossa que adulta ela) para mudar a senha do meu cartão. Cheguei lá e o atendente disse que eu tinha que escolher uma senha de tantos dígitos e que não podia ser algo óbvio como minha data de nascimento.

Já começou aí a crise pois: 1) eu tinha que escolher uma senha que vou usar por muito tempo; 2) não podia ser uma senha fácil, então teria de ser criativa e aleatória; 3) mas também não poderia ser tão criativa e aleatória a ponto de eu esquecer, já que estava no banco pois tinha simplesmente APAGADO A SENHA ANTIGA DA MINHA MENTE.

O que eu fiz? Então, eu inventei uma senha, mas não sabia se estava dentro dos padrões de dificuldade que eles queriam. Então, quando me dei conta, eu já estava falando: “moço, você acha que essa ta boa? Eu coloquei...”

Antes de começar a falar a senha, felizmente, eu olhei para o atendente que estava fazendo de tudo para me ignorar e me dei conta da minha trapalhada. Eu ia simplesmente FALAR MINHA SENHA PARA UM DESCONHECIDO! Isso tudo porque eu queria uma segunda opinião para o que eu estava decidindo.

Isso me fez perceber que, muitas vezes, o que consideramos indecisão não é bem o que estamos pensando. A pessoa da enquete, eu e várias pessoas que conheço (menos minha mãe, ela é indecisa mesmo) na verdade queríamos somente ser validados.

Eu não sei exatamente o que quero, não tomei minha decisão final, mas sempre tendo mais para um lado. E só decido realmente quando alguém vem me dar uma opinião, mas isso pode acontecer de duas formas.

A primeira é o seguinte: você sabe mais ou menos o que quer, mas tem receio de estar tomando a decisão errada (muitas vezes nem existe mesmo essa tal de decisão errada). Então chega uma pessoa, pelo menos umazinha, e diz o que você queria ouvir. Prontinho, sua decisão foi validada! Agora vai lá ser feliz sem medo.

A segunda é o oposto: você está na mesma situação que na primeira, mas dessa vez alguém te contraria. E então automaticamente você já sabe o que quer. Você quer fazer exatamente o contrário do que foi aconselhado! O conselho serviu para abrir os seus olhos e te fazer enxergar o que você não quer.

De todo modo, eu gostaria de dizer que a gente pode apelar para tudo. Segunda, terceira, quarta opinião. Pra horóscopo, tarot, todos os santos e eu adoro essa variedade. Os outros sempre parecem saber melhor o que fazer diante da indecisão.

E nós mesmos achamos muito mais fácil decidir pelos outros, por isso mesmo eu amo votar em enquetes. Eu me sinto extremamente decidida, inclusive gostaria que houvesse a profissão de “decididor profissional”. É muito mais fácil tomar uma decisão quando ela não vai impactar na minha vida. Não existe certo ou errado, só a minha preferência.

Mas, no final das contas, a decisão é sempre sua. O que não quer dizer que você precise tomar ela sozinha, mas ela pertence mais a você do que a qualquer conselheiro.

Um absurdo, né? Quem foi que inventou que eu que sou o responsável por tomar as decisões na minha própria vida?

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