O primeiro, o único ou o melhor

maio 16, 2021





Crédito: @canetaipapel



Quando fui entregar o trabalho de estética, aquele que escrevi sobre amor, resolvi que queria colocar um título impactante. Pensei comigo mesma e a primeira frase que surgiu foi “O maior amor é sempre o último”.


A minha explicação para o título foi: “O título do trabalho se refere à intensidade do agora. A partir do momento em que um amor passa pela vida, ele vai se tornando memória. Memórias afetivas e, sim, repletas de amor. Mas, para mim, o amor mais intenso vai ser sempre o último, o atual, pois é o que preenche nossos dias no presente momento”. Lembro que parei e encarei a página do computador como se tivesse inventado a frase mais genial da minha vida inteira e acho que agora tomei ela como lema. O maior amor é sempre o último, o melhor momento sempre é o agora.


Quero lembrar que aqui não falo no intuito de abordar apenas o amor romântico, eu nunca faço isso, mas tudo que corresponde ao amor. Na verdade, agora que comecei a falar sobre esse tema, acho que tomei gosto e encontro dificuldades de parar de divagar sobre isso.


Enfim, em uma dessas reflexões, eu acabei por pensar em como temos necessidade de ser o primeiro, o único ou o mais impactante na vida das pessoas.


Acho que por isso frases como “nunca conheci alguém como você” causam sempre aquela sensação estranhamente boa que sobe pela barriga e aquece o rosto sem mais nem menos. Nós gostamos de saber que somos uma exceção à regra, que alguma memória boa há de ficar sobre algum momento, é como que um consolo para saber que você nunca é em vão na vida de ninguém.


Mas, ao mesmo tempo, percebo que às vezes há uma insegurança ao se deparar com o fato que houve outros pioneiros, outros impactantes, outras exceções. Isso gera uma espécie de competição sem fundamento ou utilidade alguma a não ser tirar noites de sono.


Eu me incluo e me excluo constantemente nessas definições. Creio que algo que minha breve vivência dos ainda 20 anos incompletos me trouxe foi perceber que o melhor, o primeiro e o único são momentâneos. O meu posto de melhor na vida de algumas pessoas já foi ocupado depois de mim ou simplesmente desocupado. Que bom, seria muita pressão ser um parâmetro, um referencial na vida de alguém.


Não estou dizendo que não existem melhores. Há amizades por exemplo que são melhores ao longo de toda a vida. Às vezes esse posto é dividido, largado parcialmente, mas continua sendo o melhor.


Quanto ao primeiro, é ingênuo achar que vai ser pioneiro na vida de alguém. Ao mesmo tempo, é se reduzir a uma insignificância tamanha não achar isso. Talvez isso tenha ficado mais confuso do que eu esperava, mas vou tentar explicar melhor.


Viver uma experiência mais de uma vez não a torna menos significativa. Cada vez que você vive um momento com alguém, por mais que seja semelhante, esse momento nunca vai se igualar a nenhum outro. É, portanto, único. Não primeiro, nem segundo, nem último, porque não vai existir nada como aquilo.


Por isso, por acreditar que é dispensável e até mesmo impossível comparar momentos tão particulares, eu digo que o melhor é sempre o agora.


2 comentários

  1. Gostei muito!! Obrigado por escrever

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  2. Amei! Me deixou bem reflexiva. Acho que o maior amor é sempre o de agora, sim. Porém, levando para o meu pessoal, entre os meus últimos amores (nesse caso, românticos) o maior é o penúltimo, acredita? rs

    Enfim, obrigada pelo texto :)

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